Dois irmãos, de 10 e 8 anos, foram resgatados em Havana
(Cuba) ao final de um seqüestro realizado pelo próprio pai, nos EUA, e entregues à
mãe, cidadã do estado norte-americano de Massachusetts. O pai, também cidadão
estadunidense e que exigira 1 milhão de dólares para devolver as crianças, foi preso e
está sendo processado criminalmente pelas autoridades cubanas. De
acordo com as informações fornecidas pela Embaixada de Cuba no Brasil, Cornélia
Streeter enviou mensagem ao presidente Fidel Castro, dia 24 de junho último, através de
um amigo comum. Explicou que os dois filhos, Henry e
Victoria, nascidos respectivamente em 1993 e 1995, de seu casamento com Anwar Wissa,
ficaram sob sua guarda legal quando se divorciaram, na primavera de 2001. Segundo a mensagem, Anwar Wissa
seqüestrara os garotos em 23 de agosto de 2001 e os levara com ele ao Egito, em
avião fretado. Dia 30 daquele mês, Wissa foi acusado
pela procuradoria de Massachusetts pelos crimes de seqüestro e fuga para obstruir o
processo, de acordo com as leis locais. No outono de 2001, Wissa exigiu o
pagamento de mais de US$ 1 milhão a Streeter em troca dos filhos. Entre o inverno de 2001 e a primavera
de 2002, Wissa obteve passaportes egípcios para ele e as crianças. Na primavera desse mesmo ano, Wissa
solicitou a um tribunal egípcio a custódia dos filhos. Em dezembro de 2002, a Corte egípcia
negou a solicitação de Wissa e concedeu a custódia legal de Henry e Victoria à mãe. Entre janeiro e maio de 2003, ela
viajou para o Egito com o objetivo de cumprir a ordem da justiça local e tomar conta dos
filhos. Mas, em dezembro de 2002, Wissa tinha saído do Egito com Henry e Victoria.
Viajara primeiramente para a Espanha e, depois, para Cuba, segundo afirmava a mãe na
mensagem. Dizia ainda ter sido informada de que o ex-marido estava com as crianças a bordo de um iate ancorado no centro turístico |
Marina Hemingway, em Havana. Temia que os
filhos sofressem algum dano devido à atitude intransigente e irracional do seqüestrador.
Finalmente, rogava a Cuba que protegesse os garotos e fizesse o possível para que lhe
fossem devolvidos sãos e salvos. A senhora
Streeter enviou ampla documentação sobre os processos, uma síntese da sua biografia e
várias fotos das crianças. Se fossem provadas suas alegações, seria um caso
parecido com o do garoto Elián González, mas ao avesso, envolvendo duas crianças
norte-americanas inocentes. Durante a noite e madrugada, as autoridades cubanas
realizaram investigações em busca de indícios e antecedentes relacionados com Anwar
Wissa em seus arquivos oficiais. Foram dadas instruções para evitar qualquer risco
para Henry e Victoria. Às 9h35 do dia 25, Wissa foi preso de maneira que os filhos sequer
perceberam. Os menores foram levados para lugar adequado, acompanhados do marinheiro
cubano contratado por Wissa, que tem grande ascendência sobre eles e cooperou com as
autoridades. Através do amigo comum, Fidel solicitou à mãe que
viajasse logo para Cuba ao encontro dos filhos. Conforme a Embaixada, Wissa deverá ser julgado por
uma série de delitos cometidos e pela tentativa de utilizar o território cubano,
"fingindo-se turista, para driblar as conseqüências de tão reprovável conduta. Nota oficial emitida pelo governo cubano afirma:
"Cuba não pode esquecer que, quando o menino Elián González foi seqüestrado por
familiares que não tinham direito a sua custódia, mais de 80% dos norte-americanos
aprovaram seu retorno a Cuba, onde residia o pai e os familiares mais íntimos. Ao povo
norte-americano devemos, portanto, gratidão e respeito. |