Estrela do PT nos palácios possui outra conotação | |
A imprensa noticiou que a estrela do PT foi
acrescentada aos jardins do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto, principais
dependências do governo brasileiro em Brasília. Dia 20 último, o Programa Interlegis do Senado Federal, iniciou pesquisa sob o título "Sua Opinião", com a pergunta: "Os jardins do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto em forma de estrela do PT têm conotação eleitoreira?". Os internautas poderiam escolher entre "sim" e "não". Nas primeiras 24 horas, houve apenas 109 votos, distribuídos entre 16,1% para o "sim" e 83,4% para o "não". Isto é: a maioria das poucas pessoas que tomaram conhecimento da pesquisa entendia que não há "conotação eleitoreira" no fato de o governo desrespeitar a lei de tombamento daqueles jardins para neles inserir a estrela vermelha do PT. Todavia, nas horas seguintes, a iniciativa do Senado repercutiu na Internet. O número de acessos ao "site" do Interlegis subiu para 2.517 e a votação final apontou 80,37% para o "sim" (2.023 escolhas) e 19,63% (494 votos) para o "não". Doação do imperador O projeto do jardim do Palácio da Alvorada foi doado ao Brasil na gestão do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1956-1960) pelo imperador japonês Hiroito. Assim como o da Granja do Torto, recebeu há seis meses um canteiro de flores vermelhas (sálvias) no formato da estrela do Partido dos Trabalhadores (PT), ao qual pertence o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Conforme revelou há dias o jornal Correio Braziliense, a estrela tem quatro metros de diâmetro. Há outra semelhante, com cinco metros, na Granja do Torto, onde Lula e a família costumam passar os fins de semana e feriados. O fato provocou manifestações de protesto de entidades ligadas à preservação do patrimônio de Brasília e de senadores da oposição. "É o símbolo do aparelhamento do Estado", segundo o senador tucano Tasso Jereissati (CE). O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), afirmou que "a administração do Palácio do Planalto agrediu os símbolos da |
República". Por serem tombados, os jardins de Brasília, inclusive os de palácios do governo, são mantidos desde a fundação da cidade pela empresa Novacap (Novacapital). Quem paga pelos serviços é o governo do Distrito Federal. Os jardins do Palácio da Alvorada e do Palácio do Jaburu, este último planejado pelo paisagista Roberto Burle Marx, são mantidos por jardineiros especialmente treinados, segundo informou a assessoria do governo distrital. A assessoria de imprensa do Planalto informou que a estrela de sálvia
foi uma sugestão de um dos jardineiros responsáveis pela manutenção do jardim do
Alvorada e foi aceita pela primeira-dama Marisa Letícia. Disse também haver canteiros
com formatos de meia-lua, quadrado e triângulo. O chamado Plano Piloto - região de Brasília que tem o formato de uma aeronave e foi
planejada pelo arquiteto Lúcio Costa - é tombado pelo Iphan, o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional. Como o Palácio da Alvorada fica na região, também faz
parte do tombamento. No entanto, o arquiteto José Leme Galvão, gerente de proteção do Iphan, afirma que a estrela de sálvia não descumpre a lei. Segundo ele, um canteiro de quatro metros de diâmetro é muito pequeno para descaracterizar um jardim de 38 hectares. O arquiteto Carlos Magalhães, 70, que participou da construção de Brasília e hoje é um dos defensores do seu patrimônio, afirmou que Lula tem de "fazer modificações sociais, e não paisagísticas". O presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Haroldo Villar Queiroz, afirmou que os governantes devem ter em mente que as residências oficiais são ocupadas por tempo determinado. "Se espera que o presidente dê um exemplo de respeito em relação à coisa pública". |