Fidel atribui as acusações de Bush a sequëlas do alcoolismo |
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O presidente de Cuba, Fidel Castro Ruz, mostrou-se indignado com o fato de o presidente dos EUA, George Bush, ter declarado que o seu país - um dos últimos comunistas no mundo - promove turismo sexual e pornografia infantil. Fidel afirma que a acusação teve por base o trabalho escolar feito por um universitário norte-americano, cujas considerações pessoais – segundo ele – foram deturpadas pelo governo estadunidense para servir a uma campanha difamatória internacional. O líder cubano aproveitou as comemorações do 51.o Aniversário do Assalto aos Quartéis de Moncada e Carlos Manuel de Céspedes, na cidade de Santa Clara, dia 26 último, para lançar seu libelo contra Bush. Tomou como ofensa pessoal as palavras do presidente norte-americano e, entre outras coisas, ao retrucar, teceu considerações sobre o alcoolismo do qual Bush diz ter-se livrado. Eis a seguir, na íntegra, o discurso de Fidel: "Neste 51º aniversário do assalto à fortaleza do Moncada, em 26 de julho de 1953, dedicarei minhas palavras a um personagem sinistro, que nos ameaça, insulta e calunia. Não é um capricho ou uma opção agradável; é uma necessidade e um dever. "No dia 21 de junho, na Tribuna Antiimperialista, li a epístola número dois ao Presidente dos Estados Unidos, respondendo a um infame relatório do Departamento de Estado sobre o tráfico de seres humanos, desses que costuma fazer o governo daquele país, como suposto supremo juiz moral do mundo, nesse acusando a Cuba de estar entre os países que promovem o turismo sexual e a pornografia infantil. "Passaram apenas duas semanas e, em lugar de guardar um decoroso silêncio diante das verdades irrefutáveis contidas na epístola, chegaram notícias do exterior sobre um discurso eleitoral de Bush em Tampa, na Flórida, com novas e mais caluniadoras acusações e insultos, que tinham o claro propósito de caluniar a Cuba e justificar as ameaças de agressão e as brutais medidas que acaba de tomar contra nosso povo. "Em 16 de julho, a agência francesa de notícias AFP comunicava de Tampa o seguinte:
"Uma notícia da agência espanhola EFE destacava:
"Para cúmulo de informações estranhas, a mesma notícia acrescentou frases de John Ashcroft, no discurso de apresentação de Bush diante da Conferência Nacional de Instrução sobre Tráfico Humano:
"Outra notícia da agência inglesa REUTERS comunicava:
"A agência italiana ANSA informava: ‘O regime de Havana está agregando mais crimes: das boas-vindas ao turismo sexual’, disse Bush, que, inclusive, repetiu uma suposta declaração de Castro: ‘Cuba tem as prostitutas mais limpas e educadas do mundo’. "Notícias posteriores informam que a citação de uma suposta frase minha sobre esse tema, feita pelo Presidente dos Estados Unidos em seu mencionado discurso de Tampa, para sustentar suas graves acusações, baseia-se num documento sobre Cuba escrito por Charles Trumbull, aluno de Direito da Universidade norte-americana de Vanderbilt, que declarou enfaticamente que o discurso de Bush tergiversa o verdadeiro significado de uma frase incluída em seu trabalho, acrescentando, entre outros, os seguintes esclarecimentos:
"Na segunda-feira 19 de julho, funcionários da administração Bush reconheceram que não tinham outra fonte para se referir ao tema, que não fosse o trabalho do mencionado estudante. "Apesar de ficar demonstrado que o Presidente dos Estados Unidos tinha formulado uma gravíssima acusação a partir de uma frase contida num trabalho de um estudante norte-americano, cuja tergiversação proposital foi desmentida pelo próprio autor, a resposta do porta-voz da Casa Branca, diante desse desmentido, não poderia ser mais inusitada. Simplesmente, segundo a mesma notícia, "...defendeu a inclusão [da frase], argumentando que expressava uma verdade essencial sobre Cuba", ou seja, para a Casa Branca, "verdade essencial sobre Cuba" é qualquer coisa que o Presidente imagine em sua mente, independentemente de corresponder ou não à realidade. "Este é exatamente o tipo de enfoque fundamentalista a que o presidente Bush recorre constantemente, em que os dados, os argumentos, as verdades, os razoamentos, as realidades não importam, o único determinante é a idéia que ele tenha, o que lhe convenha, sobre um tema em particular: algo se converte numa verdade absoluta e irrefutável quando o senhor Bush simplesmente o imagina. "Há muitos no mundo que sabem muito pouco da Revolução Cubana e que podem ser vítimas das mentiras e enganos que o governo dos Estados Unidos difunde através dos poderosos meios de divulgação de que dispõe. "Mas também há muitos, principalmente nos países pobres, que conhecem a Revolução Cubana, o esmero com que se consagrou, desde o primeiro momento, à educação e à saúde das crianças e de toda a população, seu espírito de solidariedade, que a levou a cooperar desinteressadamente com dezenas de países do Terceiro Mundo, seu apego aos mais altos valores morais, seus princípios éticos, seu insuperável conceito da dignidade e honra de sua Pátria e de seu povo, pelos quais os revolucionários cubanos sempre estiveram dispostos a oferecer suas vidas. Sem dúvida, esses muitos amigos, em qualquer canto do mundo, perguntarão como é possível que se lancem contra Cuba calúnias tão grosseiras e inqualificáveis. "Isso me obriga a explicar, com toda a seriedade e franqueza, as causas que, em minha opinião, dão lugar a afirmações tão inconcebíveis e irresponsáveis do Presidente da potência mais poderosa do planeta, quem ademais nos ameaça com fazer desaparecer a Revolução Cubana da face da Terra. "Vou fazê-lo com a maior objetividade possível, sem afirmações arbitrárias nem deturpações vergonhosas de palavras, frases e conceitos de outros, ou guiado por mesquinhos sentimentos de vingança ou ódio pessoal. "Um tema amplamente documentado em vários livros de eminentes autores científicos e outras personalidades norte-americanas é a adição ao álcool do atual Presidente dos Estados Unidos, durante duas décadas, entre os 20 e os 40 anos. Esse aspecto foi abordado de forma impressionante, do ponto de vista psiquiátrico, com critério rigorosamente científico, pelo doutor Justin A. Frank, num livro já famoso intitulado "Bush no divã". "O doutor Frank começa esclarecendo que é importante definir cientificamente se Bush era um alcoólico ou se continua sendo, expressando textualmente a seguir:
"Continua explicando, e eu o cito de forma textual:
"A seguir, referindo-se já ao Presidente dos Estados Unidos particularmente, expõe:
"Na página 40 do livro conta-se que, segundo o escritor de discursos David Frum, ao chegar ao Gabinete Oval, Bush convocou um grupo de líderes religiosos, pediu-lhes suas orações e disse:
"A esse respeito, o Dr. Frank analisa que essa afirmação pode ser verdadeira, e indica com suas próprias palavras o seguinte:
"E acrescenta:
"O Dr. Frank insiste em que ele pessoalmente atendeu a alcoólicos que detiveram sua adição sem o tratamento adequado, os quais em geral têm muito pouco êxito em aprender a controlar a ansiedade que uma vez tentaram suprimir com o consumo de álcool, e explica que:
"Continua o Dr. Frank:
"E, já se referindo concretamente a Bush, faz o seguinte raciocínio:
"E acrescenta o Dr. Frank que essa intolerância geralmente traz como conseqüência respostas desproporcionais em relação à magnitude da ameaça real que percebe.
"Continuando em sua análise, o doutor Frank afirma:
"A primeira pergunta assinala a possibilidade de Bush estar acalmando sua ansiedade com medicamentos, para manter-se afastado do álcool, e se refere particularmente a seu estranho comportamento nas entrevistas coletivas. Em relação a isso, expõe:
"E o doutor Frank conclui sua análise sobre essas duas perguntas com as seguintes palavras:
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"Por último, o doutor Frank assinala que Bush aliviaria o temor de muitos estadunidenses, submetendo-se a provas psicológicas que pudessem medir cientificamente os efeitos de sua adição ao álcool no funcionamento de seu cérebro, e adverte:
"E termina sentenciando:
"Outro aspecto tratado com profundidade e detalhes no mencionado livro "Bush no divã", do doutor Justin A. Frank, é o que se refere ao fundamentalismo religioso do presidente Bush. "O doutor Frank explica como, tentando encontrar alívio para o caos interior que a bebida em alguns momentos acalmou, mas que em última instância intensificou, Bush deve ter encontrado na religião uma fonte de calma não totalmente diferente do álcool, e um grupo de regras que o ajudam a manejar a ambos, o mundo externo e seu mundo espiritual interno. "Expõe que uma análise do papel do fundamentalismo na vida de Bush mostrará que a substituição de substâncias proibidas é apenas uma das várias formas em que Bush depende da religião como mecanismo de defesa, e afirma que Bush utiliza a religião para simplificar e, inclusive, substituir o pensamento, de maneira a, de certa forma, não ter nem mesmo de pensar. Acrescenta que Bush, ao se colocar do lado do bem – ao lado de Deus – coloca-se acima da discussão e do debate mundano. A religião serve de escudo, para protegê-lo dos desafios, incluídos aqueles que, de outra forma, ele mesmo se criaria. "Pergunta-se como Bush chegou a esse ponto, e expõe em seguida que a tradição da família Bush se apoiou por muitos anos na fé, na crença de um deus estreitamente vinculado com a retidão moral, mas faz a seguinte distinção:
"O doutor Frank continua, afirmando que as religiões fundamentalistas estreitam o universo de possibilidades e dividem o mundo entre bons e maus, em termos absolutos, sem deixar espaço para questionamentos, e em relação a isso explica:
"O doutor Frank esclarece que não há nada inerentemente sobrenatural no fato de que Bush busque a proteção em sua fé e que, mesmo que esta o torne mais forte, a rigidez de seus padrões de pensamento e discurso, e de sua agenda, apontam para uma fragilidade considerável. Explica que os temores de Bush a tudo – desde a desavença até os ataques terroristas – às vezes são dolorosamente evidentes, inclusive (ou especialmente) em suas abstinências, e que é um homem que busca desesperadamente a proteção. E se pergunta: "Mas contra quê George W. Bush busca se proteger tão desesperadamente?", dando resposta a essa pergunta com a seguinte análise:
"Dá alguns exemplos de frases repetitivas de Bush durante essa entrevista coletiva:
"E continua o doutor Frank: ‘Seus temores são tão poderosos, que nem sequer pode enfrentá-los. Seu tristemente célebre conselho aos estadunidenses, menos de duas semanas após os sucessos de 11 de setembro – quando aconselhou os norte-americanos a continuarem saindo de compras e viajando como antes, em evidente contradição com as medidas radicais que estava tomando em resposta à recém descoberta vulnerabilidade da nação – é prova da forma simplista com que analisa a situação, dando as costas à ansiedade e à preocupação. Compare-se sua reação ao do prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, que enfrentou seus temores, arregaçou as mangas e começou a trabalhar, fazendo que as pessoas se sentissem muito mais seguras que com o forçado distanciamento de Bush. ‘Desde que assumiu a Presidência, Bush continuou citando as instruções divinas para justificar suas ações. Como apareceu no Haaretz News, de Israel, Bush disse: ‘Deus me disse que atacasse a Al Qaeda e a ataquei, e depois me instruiu a atacar a Saddam Hussein, o que fiz.’ "Finalmente o doutor Frank faz a seguinte reflexão:
"Em seu livro "Brancos estúpidos", Michael Moore observa que Bush tem claros sintomas de incapacidade para ler no nível de um adulto, e expõe o seguinte, como parte de uma carta aberta a Bush:
"No livro ‘Contra todos os inimigos’, Richard Clarke relata que, quando Bush chegou à Casa Branca, ‘rapidamente fomos advertidos de que o Presidente não era um grande leitor’. "O livro "Bush em guerra", de Bob Woodward, relata que, numa reunião do Conselho de Segurança Nacional durante a guerra do Afeganistão, Bush disse o seguinte: ‘Eu não leio as páginas editoriais. Não leio. A hiperventilação que tende a se criar ao redor dessas notícias, cada perito e cada ex-coronel e tudo mais, é justamente ruído de fundo.’ "Até aqui uma brevíssima síntese do exposto por importantes personalidades norte-americanas sobre alguns temas, que ajudam a explicar a estranha conduta e belicosidade do Presidente dos Estados Unidos. "Não quero estender-me agora em assuntos ainda mais delicados, com aqueles cuja divulgação custaram a vida a J. H. Hatfield, autor do livro "Filho Afortunado", ou sobre outros temas de grande interesse abordados por eminentes autores realmente brilhantes e valentes. "As calúnias e mentiras do senhor Bush e seus assessores mais próximos foram elaboradas precipitadamente, para justificar as atrozes medidas tomadas contra cidadãos de origem cubana residentes nos Estados Unidos que possuem vínculos com familiares próximos em Cuba. "Esse ultraje, como já advertimos em 21 de junho passado, teria conseqüências políticas adversas no estado da Flórida, que pode ser decisivo na atual disputa eleitoral. A idéia de um voto de castigo ganha força entre milhares de cubano-americanos, muitos dos quais normalmente teriam votado em Bush. "O ódio e a cegueira levaram a Administração a uma ação imoral e estúpida, pressionada pela máfia terrorista que deu a Bush a vitória fraudulenta com um milhão de votos menos que seu rival em toda a nação e uma mísera vantagem de 537 votos na Flórida, onde, além de muitos mortos terem "exercido" o direito ao sufrágio, milhares de cidadãos negros foram impedidos à força de exercê-lo. Quinze ou vinte mil eleitores poderiam afundar suas aspirações de reeleição. No nível de todo o país, as brutais medidas também foram criticadas. "Em sua imensa maioria, essa máfia terrorista, que decidiu nada menos que a eleição de um Presidente dos Estados Unidos, está integrada ou dirigida por antigos batistianos e seus descendentes; por grupos que participaram durante décadas nas ações terroristas, ataques piratas, planos de assassinato contra líderes revolucionários cubanos e todo tipo de agressões armadas contra nossa Pátria; por grandes proprietários de terras e familiares da alta burguesia afetada pelas leis revolucionárias, que junto com os anteriores receberam privilégios de todo tipo, e muito reuniram grandes fortunas e adquiriram influência em importantes setores de poder dentro dos governos dos Estados Unidos. "Mais de 90 por cento dos que emigraram de Cuba desde o triunfo da Revolução o fizeram por canais normais e motivados por razões econômicas; suas saídas foram autorizadas pela Revolução sem qualquer obstáculo. Mas os cubanos emigrantes estavam obrigados a passar pelas forcas caudinas daquela máfia poderosa, de cuja influência não podiam prescindir facilmente. "Ao contrário dos muitos milhões de latino-americanos, incluídos os haitianos e caribenhos, que legal ou ilegalmente emigraram aos Estados Unidos e são qualificados como emigrantes, os cubanos, sem nenhuma exceção, são qualificados de exilados. "Por outro lado, a absurda lei de Ajuste custou inumeráveis perdas de vidas cubanas, ao premiar e estimular as saídas ilegais, outorgando privilégios excepcionais que não são concedidos a cidadãos de nenhum outro país do mundo. "Entretanto Cuba, já há anos, desde antes da queda da União Soviética e do período especial, apesar dos riscos de espionagem e planos terroristas procedentes dos Estados Unidos, foi concedendo, aos emigrados, permissões para visitar a seus familiares e seu país de origem, enquanto a Administração Bush fecha abruptamente as portas, em sua fanática obsessão de vencer a Cuba pela via de asfixiá-la economicamente. "Com o mesmo objetivo de privar o país de qualquer receita, qualifica a indústria turística de Cuba de turismo sexual, e às pessoas procedentes dos Estados Unidos que visitam a Cuba, de ‘pedófilos’ e ‘buscadores de prazer’. "O senhor Bush também não hesita em impor o mesmo qualificativo aos turistas canadenses, quando todo mundo sabe que se trata, em sua imensa maioria, de aposentados e pessoas da terceira idade que, acompanhadas de seus familiares, buscam e desfrutam a tranqüilidade e segurança excepcional, a educação, cultura e hospitalidade que encontram em nosso país. "Como o senhor Bush qualificaria as dezenas de milhões de turistas que visitam a cada ano os Estados Unidos, onde abundam os cassinos, as casas de jogo, os centros de prostituição masculina e feminina, e muitas outras formas de atividades relacionadas com a pornografia e o sexo, nenhuma das quais existe em Cuba e que são alheias à cultura revolucionária de nosso povo? "Como qualificaria as dezenas de milhões de europeus que visitam a Espanha a cada ano, onde numerosas páginas de imprensa se dedicam a divulgar os nomes, endereços, características físicas, culturais e intelectuais, especialidades e dons individuais para todos os gostos das pessoas que praticam o antigo ofício da prostituição? Qualificaria a indústria turística norte-americana e a espanhola de turismo sexual? "Nenhuma das atividades mencionadas ocorre em Cuba. Sem dúvida, na mente ardente e fundamentalista do todo-poderoso senhor da Casa Branca e seus mais íntimos assessores, agora é preciso "salvar" a Cuba não apenas da "tirania", é preciso "salvar as crianças cubanas da exploração sexual e do tráfico de pessoas", "é preciso livrar o mundo desse atroz problema que ocorre a 150 quilômetros dos Estados Unidos". "Ninguém lhe disse que, em Cuba, antes do triunfo revolucionário de 1959, cerca de 100 mil mulheres, por pobreza, discriminação e falta de emprego, exerciam de forma direta ou indireta a prostituição, às quais a Revolução educou e buscou emprego, ficando proibidas, desde então, as chamadas "zonas de tolerância", que existiam na república mediada e na neocolônia impostas pelos Estados Unidos? "Ninguém lhe tem dito que as crianças, cuja saúde física, mental e moral constitui o objetivo mais priorizado da Revolução, são protegidos por leis de muita maior severidade que as existentes nos Estados Unidos, e todos estão escolarizados , incluíndo mais de 50 mil que por sofrerem determinadas formas de discapacidade requerem e recebem, sem nenhuma exceção uma esmerada atenção nos centros de educação especial? "Ninguém lhe disse que a mortalidade infantil é menor em Cuba que nos Estados Unidos, e continua caindo? "Ninguém se atreveu a sussurrar-lhe que Cuba ocupa, em educação, um lugar destacado e reconhecido internacionalmente; que todos os serviços de educação e saúde são gratuitos e abarcam a totalidade da população; que na educação, saúde e cultura, desenvolvem-se hoje programas que a situarão muito acima de todos os países do mundo? "A histórica sessão da Assembléia nacional do Poder Popular de Cuba, celebrada em 1º e 2 de julho, desmascarou e expôs ao ridículo o grotesco relatório de mais de 400 páginas, em que se fala ampla e detalhadamente dos programas neocoloniais e anexionistas que propõe aplicar o grupo fascista que engendrou tão asqueroso projeto contra o povo e a soberania de Cuba. Com isso, não conseguiram nada, senão unir ainda mais a nosso povo e incrementar seu espírito de luta. "Têm de estar completamente loucos para falar em nada menos que aplicar programas de alfabetização e vacinação em Cuba, onde faz tempo que o analfabetismo foi erradicado, a escolaridade mínima é de nove anos, e as crianças estão vacinadas contra 13 enfermidades. Programas desse tipo deveriam ser aplicados às dezenas de milhões de norte-americanos excluídos, que não desfrutam do benefício da assistência médica, ou que não foram à escola, ou são analfabetos totais ou funcionais. "Nem mesmo a Administração dos Estados Unidos se atreveu a dizer uma só palavra sobre a generosa oferta feita por nosso país, de salvar, no breve período de cinco anos, a uma vida por cada pessoa morta nas Torres Gêmeas, atendendo gratuitamente a três mil cidadãos norte-americanos que não recebam serviços de saúde imprescindíveis para preservar a vida. Também não se respondeu se seriam castigados ou não os que decidissem viajar a Cuba e aproveitar essa oportunidade. "É realmente revelador o fato de que, no mesmo dia em que tão infames calúnias e ameaças eram proferidas pelo senhor Bush, uma prestigiada instituição científica norte-americana da Califórnia subscreveu, com o Centro de Imunologia Molecular de Cuba, um acordo de transferência de tecnologia desenvolvida em nosso país, para as provas clínicas e posterior produção de três vacinas promissoras na luta contra o câncer, enfermidade que, como se sabe, mata a mais de meio milhão de cidadãos norte-americanos por ano. "É justo reconhecer que, nesse caso, não houve obstrução por parte das autoridades norte-americanas. "O fato demonstra como os frutos de tudo que eu disse antes começam a brotar em nosso país por toda parte, apesar de 45 anos de cruel bloqueio e agressões por parte dos governos dos Estados Unidos. "E não se trata de armas biológicas, armas químicas nem armas nucleares; trata-se de avanços científicos que podem ajudar a toda a humanidade. "Tomara que, no caso de Cuba, Deus não queira "dar instruções" ao senhor Bush de atacar a nosso país, e o induza, isso sim, a evitar esse erro colossal! Ele deveria certificar-se da autenticidade de qualquer mandado bélico divino, consultando-o com o Papa e outros prestigiosos dignitários e teólogos das igrejas cristãs, perguntando o que opinam. "Desculpe-me, senhor Presidente dos Estados Unidos, que nesta ocasião não lhe escreva uma terceira epístola. Teria sido difícil analisar esse tema por essa via. Poderia parecer um insulto pessoal. De qualquer forma, eu abraço as normas da cortesia. "Salve, César, mas desta vez acrescento: Os que estamos dispostos a morrer não tememos seu enorme poder, sua ira irrefreável, nem suas perigosas e covardes ameaças contra Cuba!" |